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espiritualidade e devoção

o homem agostiniano

O HOMEM AGOSTINIANO É:

 

Um homem interiorizado:

Consciente de que “Deus e as realidades do Espírito tem que ser buscados mais e mais, a partir de cada encontro” (Trin. XV, 2, 2); vive em processo permanente de auto-formação e crescimento, e na busca incessante da verdade sobre si mesmo, sobre o homem, sobre o mundo e sobre Deus, desde a própria interioridade e o conhecimento de si mesmo.

Situação no próprio momento histórico, permanece atento aos chamados e interpelações do Espírito, discernidas, na solidão e no silêncio do coração, e confrontadas com a Palavra de Deus.

Habituado ao autoquestionamento, a reflexão, o estudo e a oração, tem feito de Deus o referente Absoluto de todo o seu viver, e sua mirada interior enxerga sua presença e seu processo salvador nos acontecimentos da história, nas situações concretas de grupos e pessoas e na realidade quotidiana da convivência e a ação.

Deste modo, não se deixa afetar pelas aparências das coisas, nem pelo imediato dos acontecimentos, nem pelas etiquetas discriminatórias das pessoas, porque sua mirada alcança ao mistério profundo que todo está revelando, entrando assim em relação de compromisso fraterno com toda a humanidade.

Sabe valorizar e estimular a cada pessoa, nos seus dons particulares e logros, ao tempo que se faz consciência, questão, crítica e urgência, para impulsionar a cada qual a dar o melhor de si mesmo na mesma medida em que previamente o faz com sua própria pessoa, apaixonado sempre pelo autêntico, o verdadeiro, o nobre e o justo.

 

Um homem livre e corresponsável.

O cultivo de sua interioridade lhe tem conduzido a conquista de sua própria liberdade interior e de sua própria consciência pessoal.

Ama mas sem dependências emotivas. Dá e se entrega, mas sem exigir nada em troca. Segue derramando benevolência, ainda que não seja correspondida. Permanece autêntico, ainda que rodeado de falsificações. Denuncia com fortaleza toda a inumanidade, porque, não é amarrado a nada, nada tem a perder.

Tem assumido decididamente o protagonismo e a autodeterminação de sua própria vida e vocação, e sua opção pelo melhor vai sempre bem na frente de normas leis, ritos e costumes. Avança, por isso, não obrigado pela lei, mas “livre sob o impulso da graça”. (Regra VIII, 48).

Brota sua liberdade do seu profundo amor ao homem e à vida. E, por isso, é solidário, acolhedor, serviçal e corresponsável. Amante da liberdade das próprias opções, quer, busca, estimula e defende a livre autodeterminação da cada pessoa humana. Por isso é profundamente humano: Sensível para o sofrimento e opressão da injustiça; intolerante com a má vontade, condescendente com a debilidade, animador dos que decaem ou ficam pra trás, amável corrigidor dos que se desviam. E consciente da fragilidade de sua própria condição humana, “nada do humano pode ser-lhe indiferente” (Carta 155)

É respeitoso de toda honesta consciência, e ecumênico; compreensivo com o erro, mas alérgico à incoerência. É, em definitiva, um homem bom, porque é interiormente livre” (Conf. I, 12, 9), e é livre porque é bom.

 

Um homem comunitário

Ligado por uma cordial amizade a cada um dos seus irmãos, vive um profundo sentido de pertença, ainda que esteja ausente, ou trabalhe longe da comunidade. Desfruta com a convivência fraterna, e ele mesmo é criador de comunidade, ainda com os que não são comunitários.

É simples e sem complicações na relação, austero e nada exigente na sua vida pessoal, generoso na colaboração, comunicativo e receptivo no diálogo. Disposto a ensinar humilde e sem interesses o que sabe, está sempre aberto a aprender de todos, ainda dos mais humildes.

Centrado em Deus, e consistente, e livre no seu interior, tem adquirido um perfeito controle de si mesmo para circular sabiamente no meio do conflito e nas situações problemáticas. Amante da unidade e da concórdia, respeita as diversidades, valoriza a cada um segundo seu próprio dom, sua própria graça, seu próprio secreto; é conciliador nos confrontos, fácil para o perdão, e humilde em reconhecer suas deficiências.

Sua autenticidade interior irradia espontaneamente a alegria de sua própria vocação, e a riqueza da fraternidade vivida em comunidade, com todos aqueles com os que se relaciona. Sua vida é, por isso, anuncio e testemunho da fraternidade que Deus quer instaurar entre os homens.

 

Um homem entregado ao serviço evangelizador

Consciente de que a Comunidade Agostiniana, de acordo ao espírito e praxe de Santo Agostinho e ao seu espírito fundacional é uma “Fraternidade Apostólica” (Const. 4 e 39), e, por isso, uma comunidade para-a-missão, assume generosamente o serviço evangelizador entre os homens, em equilibrada harmonia entre o “ócio santo” da contemplação e vida comunitária, e a “ação justa” do serviço pastoral ( Cidade de Deus XIX, 19).

Desde a sua própria vivência agostiniana, é criador de diálogo, comunhão e participação entre os homens, educa para a liberdade responsável e solidária de cada pessoa, e suscita em todos um sadio e equilibrado espírito crítico e de discernimento. Sua palavra e sua vida são escola de humanismo, e sabe orientar as olhadas para o mistério interior que todos e todo revelam, além das aparências, os comportamentos, os sinais e as impressões imediatas.

Enamorado da Grande Causa do Reino, vive em comunhão com o seu povo; inculturado nos seu valores, religiosidade, sabedoria, anseios, sofrimentos e esperanças, descobrindo e dinamizando em cada pessoa, em cada grupo, seu particular processo de salvação, evangelizando-o e deixando-se evangelizar por ele.

Conhece profundamente a realidade do mundo em que vive, julgando-a desde a própria opção cristã, e nela se insere para transformá-la com os valores do Reino. Mas do que com seu movimento,. atividade e organizações evangeliza com seu testemunho e qualidade pessoal, com seu contato humano. com sua experiência de Deus, vividas previamente na fraternidade comunitária.

Sensível e solidário especialmente com os pobres, os doentes e os membros mais doentes da família humana, vê neles um privilegiado “lugar teológico” do seu próprio encontro com Deus, e a eles dirige prioritariamente seu amor, fidelidade e serviço, na sintonia e dinamismo do amor de Deus.

Ali onde se encontra, eleva as miradas para Deus, com seu testemunho e sua palavra, e aporta, constantemente, fôlego, vida e esperança ali onde os seres humanos vivem marcados pela marginalização, a pobreza, a opressão, a violência, a desesperança e a morte.